quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Você vai assim?????

Quem lê o título pensa que o marido estava questionando uma roupa indecente para uma balada de fim de semana. Nesse caso, acertou, errou, errou e acertou. Explico.


Pausa para um comentário: quem me conhece só um pouco, sabe que eu sou espírita. Os que convivem comigo sabem que eu sou umbandista. Os amigos de fé e a família sabe: sou macumbeira de carteirinha!
Cenário: sábado a tarde, dia de função, eu pronta para ir ao centro, que é do lado da minha casa. O uniforme é um vestido branco, com os emblemas da casa, e os pontos das entidades. Os meninos usam macacão branco com os emblemas.
Eu já vou de uniforme, pra facilitar. Mas tinha de comprar arruda no mercadinho, e resolvi fazer isso quando saísse de uma vez, até porque ninguém merece subir 4 andares de escada várias vezes por dia. Quando aviso que estou descendo e que vou no mercadinho, ouço a fatídica pergunta: Mas você vai assim????
Ah, nem pestanejei, e respondi: você quer que eu vá como? Assada?
Cruzes, que grosseria (isso eu só pensei depois), que o marido me perdoe, mas foi automático. Logo ele, mais macumbeiro do que eu, fazendo uma pergunta dessas??????
E fui. Mas fui mais uma vez pensando nessa questão que sempre me aflige: porque os espíritas incomodam tanto a sociedade?
É aquilo, se um católico usa sua camiseta de Nossa Senhora ou seu escapulário, se um cristão evangélico leva sua bíblia debaixo do braço, usa terno , ou camisetas com mensagens cristãs, tudo bem, tudo normal. Mas se eu sair de uniforme.... ahhhhhhhhhhhhhhhhhhh que perigo!
Todo mundo pode falar abertamente sobre sua religião... Menos eu, que sou umbandista. Mas isso acontece também com o povo do Candomblé e um pouco com os Kardecistas.
Quantas vezes aluno me pergunta se eu sou da igreja, eu respondo que não e os mais ousados continuam: mas qual a sua religião? Daí vem a dúvida: falo ou não? Geralmente eu falo, e precisa ver as reações.
Sei que tudo isso tem razões históricas e culturais, mas a constituição atual me garante a liberdade de culto. Então, porque o constrangimento? Na minha opinião, isso também é fomentado pelo povo do santo, fazendo mil e um mistérios sobre as questões mais simples da religião. E fazendo questão de ser temido, para ser respeitado. Pura besteira.
Sou umbandista, acredito no que faço, acredito em Deus, vou ao centro para ajudar a mim mesma e a outras pessoas, aprendo com as entidades a me tornar uma pessoa melhor. "Fazer o bem sem olhar a quem", eu sempre escuto. "Todo mal que você fizer terá um retorno", também. "É só parar de fazer o bem que o mal se espalha". Será possível que uma religião que prega essas mensagens possa ser fonte de constrangimento para seus adeptos? Não tem lógica isso!!!!!
Esse é um assunto que frequentemente vai ser abordado por aqui, porque é uma coisa muito intensa na minha vida. Então, vou encerrando essa postagem, pra que eu continue na próxima!
E sim, eu vou assim ao mercadinho!!!!!

4 comentários:

  1. É, amiga, ainda é muito difícil quebrar os preconceitos... Mas vc está fazendo a sua parte indo ao mercadinho mostrando a que veio... rsrs Se cada um fizer um pouquinho, quem sabe um dia isso melhora? Mas honestamente, acho que é a maior barreira da intolerância no nosso país; a religiosa. Posso aceitar os pobres, os negros, os índios, os deficientes... coitados. Mas - Deus me livre! - não posso aceitar que o outro tenha sua própria fé. Parece esse o pensamento dominante. Imagine agora os comentários que eu ouço quando porventura resolvo dizer que não tenho religião nem crença? Que essa história de Deus é a maior baboseira inventada pelo homem para tentar explicar suas desgraças? rsrs É, difícil, amiga... A gente chega lá! Beijocas ;D

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  2. achei o maximo!!e entendo perfeitamente a questao do "macumbeiro"ser mal visto!!!!mas isso minha querida amiga é cultural ou não deveria ser,já que somos uma mistura de raças.com varias crenças e credos...acho que cada um com o seu!!!!o importante é fazer o bem sem olhar a quem,não é?rs
    bjs minha amiga do babado...

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  3. Olá Srta Nietupski!
    Realmente, se a gente vai em qualquer lugar com alguma camiseta com um dizer espírita, espíritualista ou alguma imagem, as pessoas ficam olhando com aquela cara de 'só podia ser macumbeiro' e esperando que a qualquer momento a gente faça alguma coisa que justifique esse pensamento. Enquanto nós somos praticamente obrigados a ver pregações dentro de trem, metrô, ônibus e onde tiver lugar vago para a 'palavra de Deus'. Já imaginou a gente incorporando no meio da rua pra dar passe? Um mestre chegando em plena Central pra passar a palavra de Oxalá? Seríamos linchados(se escreve assim?), apedrejados e escurraçados. No mínimo..
    Mas, como a nossa religião ensina, tenhamos paciência. Um dia a liberdade de expressão existirá de fato e poderemos todos, independente de credo, dar as mãos e pedir à Deus a tão sonhada paz e dizer NÃO ao preconceito.
    Que assim seja! Amém!

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  4. A minha pergunta foi motivada por outra coisa...

    Não tenho absolutamente nada contra você usar qualquer coisa que seja com relação a espiritismo... só acho que o uniforme do centro é algo muito específico para ser usado NO CENTRO...

    Não acho legal ficar passeando com o uniforme do centro... assim como acharia que não é legal um padre com a estola na rua... são roupas e ornamentos criados para o momento de culto religioso... mas essa é só a minha opinião pessoal... você anda na rua com a roupa que melhor lhe aprouver... em 8 anos de casamento acho que eu nunca reclamei de roupa nenhuma que você tivesse usado...

    O marido...

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